O passado judia de nós. São tantas as lembranças, as tristezas, as decepções, frustrações, enganos, erros, tanto mais, que quase acabam conosco. Mas não podemos, não devemos, nos entregar a ele, de forma alguma. Nada justifica a entrega, apenas a incapacidade de abrir mão do que se foi, do que já passou. O passado é exatamente isso, passado. Já passou. Não temos escolha no presente, devemos tirar do nosso coração, da nossa memória, o que passou. A nossa energia deve estar focada para o novo, para o hoje, para o amanhã. O ontem não volta mais, nunca mais. Não significa que vamos deixar de amar os queridos que morreram, significa que vamos agir em prol dos que amamos e não morreram, estão aqui, perto de nós, vivos. Os que morreram não precisam mais do nosso amor, do nosso carinho, não estão mais conosco. Não precisam nem que nos lembremos deles, embora sejam sempre lembrados com amor, com saudade, mas nossos pensamentos e saudades não farão diferença alguma para eles. Quem se foi não precisa mais de nós. Quem precisa de nós, do nosso amor, do nosso carinho e cuidado sãos os vivos, os que estão perto de nós. Os que morreram estão infinitamente melhores dos que os que estão aqui presentes. Nos deixaram livres para agir em favor dos outros, dos que não tiveram ainda o privilégio que eles tiveram antes de nós, irem para a eternidade com Deus. Quem se afastou de nós em vida, foi por opção deles, são livres para isso. Se não desejam a nossa presença, vamos nos impor a eles? Claro que não. Somos também livres para amar e servir outros que nos querem, que desejam estar próximos a nós. A vida é assim, vem e vai, tráz e leva, dá e tira, é soberana, não temos domínio sobre ela. Precisamos apenas reconhecer o momento que estamos vivendo e dar de nós para o atual, para o que está acontecendo agora. Não é fácil, reconheço, porém, se não fizermos assim estaremos nos entregando à auto-comiseração, o que além de feio é pecado. Ter pena de si mesmo é achar que é o centro do universo e não merece o que está passando. Bobagem, ninguém é melhor que ninguém. O sol nasce para bons e ruins, assim, a tragédia, a dor, vêm para todos. É pecado também porque normalmente culpamos Deus, não aceitamos os fatos como algo consumado apenas pelo que é, um fato, nada mais que um fato. Claro, que com várias nuances, que devem nos ensinar, mas não matar. Aconteceu, pronto, acabou. Não tem mudança, não tem outra opção. Fato consumado deve ser fato aceito. Uma vez aceito, partimos para um novo tempo, uma nova vida, com experiências novas. Podemos sofrer, chorar, lamentar pelo que aconteceu, mas ficar lamentando sem olhar para a frente é pior do que tudo. Podemos ter toda a razão do mundo para sentirmos pena de nós mesmos, porém, se fizermos isso estaremos trilhando um caminho cujo fim será uma depressão sem cura. Além, de tudo, devemos olhar para o céu, como o salmista fez: "Elevo os meus olhos para os montes, de onde me virá o socorro? O meu socorro virá do Senhor, que fez os céus e a terra" (Sl 121. 1 e 2). Do céu, de Deus, vem o nosso socorro, vem a força para a vida, para um novo tempo, um novo começo. Oro, de coração, para que queiramos recomeçar, renovar; que o Senhor nos ajude, inspire e capacite, eu peço.
Obs.: Mensagem publicada no dia 01.05.2013 no Jornal de Assis.
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