A grande vantagem da velhice,
embora eu não esteja tão velha assim, é o aprendizado que a vida proporciona.
Desde criança, ouvia meus familiares dizerem: vivendo e aprendendo; a gente
aprende até na última hora antes da morte! E por aí vai. São muitos os ditos
populares sobre o aprendizado durante o passar dos anos. Hoje, depois de mais
de meio século de experiência, concluo que é a pura verdade. Mas, o melhor de
tudo, é quando aprendemos a valorizar aquilo que realmente vale a pena. Na
segunda-feira, dia 12, Dia das Crianças, ouvi nossa irmã Carmo (Maria do Carmo
Paes Ferreira Coelho) contar uma estória para crianças, em uma programação que
foi feita em comemoração ao Dia das Crianças, em nossa igreja (Metodista), na
Vila Ribeiro. Era a estória da nuvem triste. Ela não estava feliz, sua vida não
tinha significado, não sabia para que existia, se sentia solitária, abandonada,
em um grande céu azul. Um dia, quando estava chorando, viu um belo passarinho
que passava por ela cantando. Ela determinou: vou ser um passarinho.
Gesticulou-se toda e ficou como um passarinho. Ah! Na hora que abriu o “bico”
saia apenas gotículas de água. Não podia cantar, não sabia cantar. Chorou
amargamente; voltou à sua forma anterior, chorando mais do que antes. Depois
apareceu uma estrela. Fez-se de estrela, mas não tinha brilho. Tristeza
novamente. Apareceu um avião, se fez de avião, mas não tinha motor. Tristeza geral! Depois viu um foguete, se fez
de tal. Imaginem a frustração da pequena nuvem. Um foguete é que ela jamais conseguiria
ser. Precisava de um poder inimaginável! Chorou tanto, mas tanto, que suas
lágrimas caíram na terra, numa chuva incessante. Após muito chorar, ao limpar
os olhos, olhou para baixo e viu muitas plantas, flores e frutos se valendo de
suas lágrimas. Aí, sorriu feliz, descobriu finalmente a que veio ao mundo: ser
instrumento de vida. E foi feliz para sempre. Assim, somos nós. A estória confirmou
aquilo que já aprendi na vida. Quando queremos ser o que não somos, só
sofremos. Estou cansada de ver pessoas que desejam ser como outros, não
valorizam a si mesmos, sentem inveja, se metamorfoseiam, são cada dia mais
infelizes. Deus nos fez diferente, apenas isso, não somos nem maiores e nem
menores do que os outros, somos únicos. Podemos nos parecer uns com os outros,
mas nenhum de nós tem a mesma impressão digital. Isso não é para alimentar a
nossa soberba, mas para nos fazer enxergar humildemente que cada um é cada um,
preservando a nossa individualidade. Com a minha ‘velhice’ tenho aprendido que
essa estória da nuvem se repete em quase todos os departamentos de nossa vida,
em casa, na família, no trabalho, na igreja (por quê não?). Nem sempre estamos
satisfeitos com o que somos e temos. O aposto Paulo disse: “Eu plantei, Apolo
regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa,
nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.” (1 Coríntios 3.6,7). Vejam só,
havia partidos na Igreja de Corinto. Falando claramente, havia quem queria ser
melhor que o outro. Paulo clareia tudo: ninguém é melhor que ninguém. É Deus
quem tudo faz, nos dando a vocação, a capacidade, para sermos a “nuvem” que
somos. Devemos apenas, única e exclusivamente, exercermos a nossa vocação, o nosso
chamado. Oro, para Deus nos tornar “nuvens” felizes, que fazem “plantas”
felizes. Ajuda, Senhor!!!
Texto publicado dia 14.10.2015, no Jornal de Assis.
Obrigada, Senhor!
Sem comentários:
Enviar um comentário