quinta-feira, 24 de julho de 2014

O tempo

Uma das coisas mais difíceis para um pastor fazer é trazer uma mensagem em um Ofício Fúnebre. O Ofício Fúnebre é normalmente feito uma hora antes do enterro do falecido. As pessoas que amam o morto estão cansadas, pois passaram a noite em claro, não estão aptas a ouvir muita coisa. Os que não são tão achegados estão ali só para cumprirem uma regra de etiqueta. Alguns, mais sérios, estão solidários com a dor dos familiares, porém, não estão muito interessados em ouvir o que um pastor têm a dizer. Piora muito se o pastor sabe que a pessoa falecida não foi um bom exemplo de cristão a ser seguido. Enfim, o pobre pastor está nesse momento em um grande dilema: o quê falar? Depois de sofrer muito com essa tarefa, descobri que o melhor a ser dito nessa hora é sobre a brevidade da vida. Com isso, será possível que muitos dos meus ouvintes dessa hora digam: - Eu já ouvi ela falar isso outra  vez. Peço que perdoem, saibam que a tarefa é muito difícil. Pensando agora no que escrever decidi falar sobre o tempo, sobre a brevidade de nossas vida, uma vez que é assunto sério que não deve ser trazido à tona apenas nos velórios. Pois bem, todos sabemos que um dia morreremos. Não gostamos muito de falar sobre isso, não gostamos de pensar na morte, gostamos de pensar na vida, nas coisas boas. Claro, quem é que quer falar do que não é agradável? Mas, se pensarmos um pouco melhor. devemos considerar a hipótese da nossa finitude com seriedade e não pensar na brevidade de nossa vida apenas no dia da morte de alguém. Uma vez considerada a hipótese teremos o cuidado de viver melhor. Não vamos gastar nosso tempo com o que não é bom, vamos usá-lo da melhor maneira possível. É melhor perder cem reais do que cem minutos, nada adiantará ir em busca do tempo perdido. Podemos ganhar outros cem reais tranquilamente, mas outros cem minutos jamais ganharemos. Uma vez passados não voltarão mais. O texto bíblico nos mostra claramente que há tempo para todas as coisas debaixo da terra e precisamos saber bem o tempo que estamos vivendo cada dia e viver da melhor maneira possível. O texto diz: "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz." (Eclesiastes 3: 1 a 8). Considerando a nossa finitude, a limitação do nosso tempo, penso que não devemos dar atenção para coisas medíocres, não devemos ser egocêntricos, invejosos, melindrosos, cobiçosos, não devemos ter mania de grandeza, gastar tempo com inutilidades. Precisamos querer apenas o essencial e o essencial é tudo aquilo que está envolto em amor. Oro, para o Eterno nos dar sabedoria, a fim de não perdermos nosso tempo com o que não vale a pena. Ajuda, Senhor!

Texto publicado hoje, 23.07.2014, no Jornal de Assis.
Obrigada, Senhor!

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