quarta-feira, 12 de junho de 2013

Quero ir ter com o meu Pai

"No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder." Efésios 6. 10.

Quando era jovem não compreendia por quê as pessoas se suicidavam. Lamentava profundamente quando sabia de alguém que deu cabo à própria vida. Pior era quando estas pessoas estavam no círculo familiar e no grupo dos mais achegados. A tristeza era grande. A pergunta da razão do fato ficava entranhada na garganta, sem resposta. Hoje, eu sei o que é o desejo de morrer. Queremos morrer quando o peso das tristezas que está sobre os nossos ombros é maior que nossas esperanças. Queremos ir para a casa do Pai. Foram tantos sonhos frustrados, tantas perdas, ao ponto de parecer que a vida não vale mais a pena. Quem condena os suicidas não sabe o que é sofrimento. A pessoa se suicida não porque quer morrer, mas porque não aguenta mais tanto sofrimento. Uma vez ouvi um pregador dizer que a vida é difícil para quem é fraco. Pois bem, então eu sou fraca, assumo a minha fraqueza e a minha limitação. Aquele pregador nunca mais recebeu um convite meu para pregar na minha igreja. Demonstrou insensibilidade, imaturidade, falta de conhecimento da realidade humana. Se há alguns que são ou se acham mais fortes que os outros, não discuto, mas sei que a vida não é fácil para ninguém. A vida é bela? Sim, claro que é, muito bela, porém, às vezes é fera também. Só podemos viver com a força vinda de Deus. Minha mãe, Vilma Marinho de Brito, sempre foi uma mulher forte, ficou viúva com apenas 38 anos e criou seus três filhos, com maestria. Em 2009 ficou doente, com câncer de pulmão. Em meados de agosto do mesmo ano foi internada no Hospital de Marília e um dia me disse: "Me mata, Railda". Essas palavras me impactaram, feriram minha alma. A sua dor era tão grande que queria que eu a matasse. O bem que ela desejava era a morte. Morrer era melhor que viver naquele momento, pois a dor lhe era insuportável. Era uma fraca por isso? Não, em hipótese alguma, era uma grande sofredora, que desejava simplesmente ir para a casa do Pai, o Céu, naquela hora. O mundo, com toda a sua beleza e encanto, não era mais agradável para ela. Enquanto aguentou, quis viver e viveu, mas dali em diante não aguentava mais. Dois dias depois faleceu. Não defendo em hipótese alguma o suicídio, porém, compreendo hoje sua razão. Tenho aprendido a pedir forças para Deus, sei que Ele dá. O apóstolo Paulo disse que quando somos fracos é que somos fortes, porque o poder de Deus se aperfeiçoa em nossa fraqueza (2 Co 12. 7-10). É verdade. Quando nossas forças são insuficientes para o enfrentamento da lida, o Eterno nos ajuda, se com fé orarmos. Do céu desce força para a terra. Que o Espírito Santo nos fortaleça. Ajuda, Senhor.

Texto publicado no Jornal de Assis em 12.06.2013.

Obrigada, Senhor!

2 comentários:

  1. A filha de uma amiga minha suicidou-se em plena juventude. Talvez seja a dureza da vida difícil de ser vencida ou, ser apenas vivida. Mas enquanto o propósito de Deus na minha vida não for cumprido, quero viver a vida em toda a sua plenitude: com as tristezas e alegrias, derrotas e vitórias sabendo que todas as coisas cooperam para o bem aqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito

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    1. Querida Vanilda Silva, graça e paz! Que ótimo seu comentário aqui. Muito obrigada. Abraço.

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