quinta-feira, 16 de abril de 2020

Arroz com jaca!?


A imagem pode conter: comida

Tenho uma tia professora, a Dona Tereza, que gosta de fazer coisas gostosas e serve muito bem à mesa. Fazer doce de figo, que fica bem verdinho é uma das suas especialidades, nunca comi outro igual. Em um dia desses, meu primo, seu filho, veio passear em sua casa, e quando foram almoçar ele admirou-se com a quantidade de comida à mesa, pois tinha seis misturas. Um pouco triste, constrangido, disse a ela: - Mãe, isso não é pecado? Comer tanta coisa boa assim em uma só refeição? Ela não titubeou ao responder: - Pecado era quando eu passava fome e só tinha arroz com jaca para comer. O constrangimento dele passou e a alegria tomou conta da casa. Foi só risada. Eu também ri muito quando soube da história. Destaco nesse fato algumas coisas importantes. Vejo, em primeiro lugar, a consciência cristã do meu primo. A solidariedade dele com os que não tem quase nada de mistura para comer e eles com tanto à mesa. Há uma sensação de estar cometendo uma injustiça em sua observação. O desejo de comer sem pecar dá mostras de seu caráter cristão. Louvo a Deus por isso. Vejo ainda nele, a sensação de estar cometendo uma injustiça com quem não tem tudo o que ele tem para comer. Um fato raro em nossa sociedade. Contudo, admiro a sabedoria da minha tia ao responder imediatamente à questão. O desejo dela era bem servir aos seus, quando colocou à mesa tudo de bom que tinha. Era feliz por fazer assim, não pecadora. O pecado não estava ali, estava na injustiça social de quando pequena só tinha arroz com jaca para comer em sua casa. Isso sim era pecado. Quando soube, concordei de imediato com ela. Minha admiração por ela cresceu mais ainda. Dou graças ao Pai pela consciência cristã do primo e pelo discernimento da minha tia. Quem dera, o mundo fosse tão consciente do pecado e da injustiça social. Penso que minha tia quando criança teria ficado mais feliz se algum cristão tivesse lhe dado alguma coisa mais, além de jaca, para comer com o arroz. Precisamos abrir os nossos olhos e nossos mãos ao nosso próximo que talvez não tenha nem arroz e jaca para comer. Assim nos ensina as Escrituras: “Abre a sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado. ” (Provérbios 31:20). Temos feito isso? Oro para o Pai nos dar um caráter mais semelhante ao do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que jamais deixou de bem alimentar as multidões. Ajuda, Senhor!!!

Observação: O nome da tia e o fato são verdadeiros. Esta é uma história verídica.

Texto publicado no Jornal de Assis, ontem, dia 15/04/2020

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